sábado, 24 de novembro de 2012

HOGAR

Há uma semana, voltava de outra viagem à Argentina, e via, nos céus do Rio de Janeiro, um crepúsculo dos mais impressionantes: o sol, laranja, de firmes contornos, despedia-se, sob uma cama de brancas nuvens, estendida ao rez do meu olhar. Memorável. Mas memoráveis também foram os dias na terra de San Diego Maradona – ou San Lionel Messi, que é para soar mais atualizada. Parecia esquisito escolher, dentre tantos almejados destinos, o mesmo; mas eu simplesmente sabia que precisava ir. Pois fui: um congresso em Córdoba, um artigo sobre Walter Salles e seus “Diários de motocicleta”... Depois, em Alta Gracia, o museu do Che e a moto com que ele, jovem, percorrera a América Latina – quase tão lindo quanto o próprio Gael. E o vestido japonês comprado por ali, pelas mãos de uma mulher mexicana. Drinques e fotografias à beira do lago, entre montanhas, em Carloz Paz. A nova animação de Tim Burton, dublada em castellano. Um hostel cheio de gente interessante e muito fernet com coca-cola. E Buenos Aires, under peruvian skies... Passeios pelos sebos da Avenida Corrientes, personagens de cartum, reencontros, apagões e o calor abafado de um país que se manifesta, em azul e branco, que vai às ruas contra uma crise que dura mais de uma década e que entristece uma paisagem tão romanticamente europeia. E houve Rosario. Rosario que foi um dos meus melhores acasos e que trouxe, outra vez, um afeto sem medidas, um carinho que me abraça por todos os lados, e do qual espero não escapar jamais: o domingo andando de pedalinho no parque, perto dos “patos salvajes”, boliche e videogames no sábado à noite, a partida do Newells Old Boys en “la casa del campeón”, a receita do arroz com frango, os “asados”, os vinhos, os alfajores, a Quilmes, o Tango, as leituras a quatro mãos. Difícil condensar algo tão grande e tan hermoso. Voltei para casa trazendo o perfume daquele que, para mim, é até hoje o melhor exemplo de lar. (24 de novembro de 2012)