um show de jazz
alguns dias atrás.
mojitos después
quase em casa
no pátio do prédio
um cachorro seguiu-me
branco,
um fantasma,
lambendo-me
abanando-se inteiro
em saltos:
a entrega
a um dono
há muito perdido.
falei:
“não.
não posso brincar
com você agora.”
ele insistiu
como surdo
e eu fechei
diante dele
a porta de vidro
(aproveitando-lhe a pausa
para coçar-se das pulgas)
ainda agachei-me
com explicações:
“eu queria.
mas não posso
brincar com você
agora.”
uma lágrima.
na manhã seguinte
olhos abertos
constato a inocência
da véspera
e o cãozinho me vem
em abanos.
certamente pensou
pobrezinho:
“que bêbada!
como se eu
entendesse
o que fala comigo...
cachorros não ouvem
por trás
das portas
de vidro.”
(12 de fevereiro de 2011)
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Muito bom! Adorei o texto. Só uma pergunta: o que diabos você fazia as 5:40 no computador?
ResponderExcluirÉ... Os cachorros falam isso comigo o tempo todo.
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