Foi um trajeto curto, do Lourdes à Savassi, de um aniversário a uma despedida. O taxista disse: “Oi, menina!” E daí não parou. Além do endereço ao qual me dirigia, o que falei foram só frases fáticas, procurando incentivá-lo a continuar o solilóquio. “Agora que o Carnaval acabou, está quente... porque aquela chuva ninguém aguenta! E o pior é o que aconteceu no Japão... antigamente a gente lamentava três, quatro mortes. Agora, mais de mil. Mas, também, com a violência em que esse mundo anda, é melhor acabar tudo mesmo. E vai acabar, porque há tanta bomba atômica por aí. O Iraque mesmo tem três bombas apontadas para o Brasil. Agora, eu fico imaginando, o que não pode acontecer é a Dilma, que é terrorista, namorar um cara desses... Pensa bem: eles constroem um balão, destroem o mundo, e passam meses lá em cima, no céu, namorando. Porque, você vai ver, a Dilma será a pior presidente que esse país já teve. Porque o Lula a deixou numa caixa de marimbondos! Só tem PMDB em volta dela. E uma hora dessas ela fica doente aí, e não melhora mais... porque o Michel Temer é capaz de mandar matar ela! Ela que não abra o olho... O mundo está muito violento.” Eu aproveitei dele a pausa para tomar ar, e brinquei: “É, igual novela do Gilberto Braga! Só maldade.” Porém, ele gostava era de Manoel Carlos: “Eu não vejo mais novela... Antes eu trabalhava de manhã e via aquela “Viver a vida”, com a Taís Araújo, que na época eu tinha uma namorada que parecia com ela. Pensa bem, que cara-de-pau! Eu ficava vendo a novela com a patroa, pensando na Pollyana... a gente tinha um código: ela ligava, eu a chamava de Paulo. Mas era uma mulher perigosa. Esses dias, a gente marcou de encontrar. E, pensa bem, eu sou uma pessoa que acredita muito em horóscopo. E eu tinha lido que aquele dia seria de muitos contratempos. E foi mesmo. A mãe dela ficou doente, precisou ir ao hospital e deu tudo errado. Mas a gente tem é que fazer isso, menina: viver a vida. Porque, se não,” – e aludiu ao título de outra novela, essa da Glória Perez, “o coração explode.”
(13/03/2011)
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Pior que o constrangimento de pegar táxi sozinho é ficar num elevador com uma pessoa que você não conhece: você não sabe se puxa conversa, se fica quieto, fica na sua balançando em cima dos pés...
ResponderExcluirQuanta diversão! Se os taxistas ultimamente são mais calados, você encontrou um que fala por todos. E é genial essa história da Dilma namorar um terrorista iraquiano. Quem sabe as três bombas atômicas apontadas para o Iraque não são para o caso do Michel Temer mandar matar a Dilma?
ResponderExcluirPessoas que fazem do mundo um lugar mais nonsense: meu muito obrigado.
o.o
ResponderExcluirô.ô
O.O
Ô.Ô
cara....que taxista fodástico, hein?
(com o perdão do meu francês)
-ass.
alguem que aprendeu literatura com toques gelados de fragilidade...
Hahahahahah sua vida merece um livro :D
ResponderExcluirQue taxista mais criativo!
Ainda espero entender um pouco mais sobre a arte das filosofias populares. ex: Táxis, banheiros públicos, ônibus, bares, etc.
ResponderExcluirMe lembrou um amigo comentando de um garçom que para justificar o por quê de a máquina de visa electron não funcionar disse:
ResponderExcluir"É essa chuva. Como não para, os satélites ficam todos muito molhados e perdem o sinal."
Vai entender...