No Rio, ficamos hospedados na casa de uma amiga muito querida, que fez de tudo para que nossa estadia fosse o país das maravilhas. E o Rio de Janeiro, clichê dos clichês!, continua lindo. Coisa mais bonita o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, a Lagoa Rodrigo de Freitas, onde morreu afogado o João Gostoso do Bandeira. Delicioso também percorrer as ruas boêmias da Lapa, subir a escadaria de ladrilhos do Santa Tereza, visitar o Museu de Arte Moderna, sentir-se o tempo todo dentro de uma canção do Tom Jobim copiada no verso de um cartão postal do Brasil. Só é uma pena que sobrem por ali os cariocas, que são de fato belamente bronzeados, mas cujo ego os impede de entender que gentileza não é burrice nem fraqueza. O carioca traz dentro de si um Romário em miniatura, veste a fantasia de pavão e acha que é, em tempo integral, o protagonista de uma novela do Manoel Carlos. O carioca dá informação errada por receio de “dar mole”. Porque não pode titubear, dizer “não sei” ou “me desculpe”: há de se tirar sempre vantagem dos outros, ser mais esperto, desmerecer todas as outras origens, que se dividem, para eles, entre gringos ingênuos e apalermados capiais. Não é por acaso que carioca torce para time do Rio: eles se merecem, em todas as suas falcatruas e tantos todos sinônimos para malandragem. Que me perdoem as exceções, é claro.
Mas a gente estava lá é para ver o Pearl Jam, a que já havíamos assistido, no Pacaembu, num show que mudou definitivamente a nossa vida, em 2005. E, Meu Deus!, seis anos depois, ainda impressiona a energia dos caras, a conexão entre público e banda, os coros, as garrafas de vinho e os pandeiros quebrados do Eddie Vedder. Foram quase três horas de show, trinta músicas, num repertório que misturou canções do novo bom trabalho a clássicos do “Ten” e a agradáveis surpresas, como a bela “Indifference”. A gente saiu de lá destruído, mas insuportavelmente feliz. Para fazer vontade – e uma dupla homenagem –, deixo a lindíssima “Just breath”, na voz da Anneke: http://www.youtube.com/watch?v=un5oY6NGxn8.
(11/11/11)
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Adorei essa do João Gostoso! Hahaha
ResponderExcluirImpressionantemente meu pai diz a mesma coisa sobre os cariocas!
E falando em times, Amâncio, você já voltou a acompanhar o Corinthias?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirHaha, mto bom
ResponderExcluir"O carioca traz dentro de si um Romário em miniatura"
"E o Rio de Janeiro, clichê dos clichês!, continua lindo. Coisa mais bonita o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, a Lagoa Rodrigo de Freitas, onde morreu afogado o João Gostoso do Bandeira. "
As paisagens do Rio nos fazem compreender a bossa nova. O Leblon/ Ipanema, as novelas do Manoel Carlos.
ResponderExcluirJá os cariocas nos lembram porque é tão bom torcer para o futebol do Rio ir mal...
As exceções te perdoam! : )
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