Por duas vezes, dei de presente – a um então-amigo e a um então-namorado – um peixe beta azul. No primeiro caso, o peixe ganhou o nome de “Rumble”, em homenagem àquele que veio a ser o primeiro filme do Coppola a que assisti. No segundo, o nome (composto) era uma homenagem ao então-casal que formávamos, e recebeu, posteriormente, uma peixinha que lhe fizesse companhia – mas em aquários separados, que é como funcionam os relacionamentos modernos dessa espécie aquática. Segui pensando que um peixe combinaria muito bem com a decoração do meu pequeno apartamento, mas, sabe-se lá por que, jamais comprei um para mim. Talvez pensasse que faria mais sentido se fosse um presente. Porque oferecer a alguém um peixe ou uma planta é um voto de confiança, como se disséssemos: “eu confio na sua capacidade de cuidar.” Ao menos, sempre foi assim para mim. Pois bem. Cerca de um mês atrás, ganhei, de dois alunos meus – Arthur e Bernardo –, um peixe beta que, coincidentemente, é azul. Agora, Arthur Bernardo – ou Tutubê, como apelidou outra aluna, a Lara – enfeita o móvel da sala e, mesmo na sua limitada euforia, dá à nossa casa um significado novo, como o terceiro habitante que, de fato, é. Foi com ele, afinal, o meu primeiro encontro no dia do meu aniversário. Convenhamos, fazer aniversário nunca é fácil, porque, como o Natal e o Ano Novo, é uma data que nos recorda de que mais um ano escorreu invisível diante de nossos olhos, nos arrastando com ele, em suas frustrações, vitórias e apatias, e que é hora de virar mais uma vez a ampulheta, e torcer para que a areia caia mais devagar desta vez. Mas, felizmente, este ano foi mais fácil do que muitos outros. E grande parte disso se deve ao beta azul no aquário pela manhã: porque ele me fez pensar nos meus alunos, e não só neles, mas em todas as pessoas que me são importantes, de que eu gosto e pelas quais me sinto “gostada”. E tudo foi ficando ainda mais simples à medida que o dia passava, com a festa linda do 8º ano – com direito a torta de limão, pudim de pão, brigadeiro, cartaz e balões preto-e-brancos, em homenagem ao “Curíntia”–, os telefonemas, os e-mails, as palavras, os abraços e tantos presentes recheados de significados os mais bonitos. Juntar carinhos é um jeito excelente de sentir o tempo passar – mas que passe lentamente, por favor, que a vida é boa, e é só uma.
(29/08/2010)
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Este ano só fizemos uma festa de aniversário aos professores, e como é o nosso último ano tendo aula de Português com uma corinthiana, é bom despedir e fechar esses 3 anos de vivência com chave de ouro. Vivências boas e ruins, com ênfase em boas. Feliz aniversário Amâncio!
ResponderExcluirO texto fico legal fessora...
ResponderExcluirFico profundo..
hahaha
Sinta-se bastante "gostada" por mim! Valeu por ser uma amizade presente neste ano da minha vida e, eu espero, nos demais que virão...
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