terça-feira, 25 de setembro de 2012
A caminho
Um acidente de carro, na rua São Paulo, matou ontem duas pessoas. Uma delas queria ir ao shopping, almoçar McDonald´s, tomar milk-shake no Bob´s e comprar uma camisa nova para o namorado na Sketch. A outra precisava pagar a terceira prestação da viagem para Porto Seguro, que faria com os amigos no verão, e caminhava rumo à agência de turismo. Estavam diante de um banco em greve, as duas na mesma calçada, quando a van desgovernada as atingiu em cheio. Os vizinhos escutaram um estrondo e se assomaram à janela: mas, como quem ouve um trovão e se sabe atrasado, o relâmpago já riscara o céu, cortando a beleza do dia ao meio. Eram duas mulheres, jovens. Uma delas gostava de olhar as bandeiras tremulando ao sopro do vento. À outra encantavam o cheiro de gasolina e os concertos no Parque Municipal, no primeiro domingo de cada mês.
(25 de setembro de 2012)
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A morte está mesmo sempre ao nosso lado... ouçamos, então, ela nos dizendo para vivermos. E nunca deixemos de apreciar o cheiro de gasolina e as bandeiras tremulando ao sopro do vento.
ResponderExcluirSe todos soubessem e entendessem a tragédia não se preocupariam tanto com frivolidades mas viveriam intensamente o que é mais importante na vida, a meu ver, o cerne da existência em sua própria problemática.
ResponderExcluirParágrafo seco e bem digno do tema. Pois sonhos, desejos, reflexões, tudo vira nada quando nosso corpo se torna massa morta.
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