sexta-feira, 6 de setembro de 2013

So let it be rock

Foi um amigo quem me deu o ingresso para o show de Madball, Downset e Biohazard, umas semanas atrás. Pulei muito nos dois primeiros, mas, no terceiro, para fugir dos moshes violentos do público – tinha gente até com protetor bucal, para você ter uma ideia -, fui me sentar numa grade de proteção, de onde tinha uma visão superprivilegiada e próxima do palco. Foi aí que eu bocejei. Eu sei, era um concerto de rock, ninguém esperava aquilo de mim, mas foi mais forte que eu, desculpe. Quando olhei para a plateia, um rapaz me encarava, estarrecido. Ele agitou a cabeça e o indicador, num gesto negativo, depois moveu os braços para cima, ensinuando que eu precisava me animar e curtir o show. Ele, claro, tinha toda a razão, e passou o resto da apresentação conferindo, vez por outra, se eu estava mesmo “agitando”. Acabei me entusiasmando tanto que, quando me dei conta, estava sentada em cima da caixa de som, praticamente sobre o palco, e o guitarrista solava olhando diretamente para mim – cena que se repetiu algumas vezes, até ele pegar a minha mão e beijá-la docemente, como um cavalheiro. Quando o concerto acabou, pulei no palco, acompanhei um menino de uns doze anos que, tímido, tentava se aproximar do vocalista, conversei com ele, ganhei duas palhetas e um abraço apertado do baixista que, vim a saber, é um conhecido ator pornô. Tenho as fotos para provar. E este foi só o começo de uma sequência sensacional de shows de rock, que povoou agosto, o mês do meu aniversário no meu ano parisiense. Exatamente no dia 23, minha data querida, Belle and Sebastian (ah, minha adolescência...), Tomahawk (rever o Mike Patton, sempre um prazer à parte!) e Franz Ferdinand se apresentaram no Rock en Seine, junto a atrações ditas menores, mais ainda muito empolgantes, como Johnny Marr, o ex-guitarrista dos Smiths, que nos brindou com canções dos velhos tempos, como a adorável “There´s a light that never goes out”. No dia 25, foi a vez do System of a Down, e de uma apresentação de pura energia, em que os caras emendavam uma música à outra e só dava tempo de se sentir alegre. Quando estive em Londres, conheci uma inglesa muito divertida, com uma tatuagem muito bem feita de um alien no ombro, que me acompanhou aos pubs da cidade, e que me disse ser roqueira por saber que o rock nunca nos deixa para trás, nunca nos abandona. Tenho a mesma sensação. É uma das minhas melhores companhias. E é como se ele se presentificasse nos concertos, verdadeiras experiências epifânicas às vezes. Hoje é a vez dos Deftones, banda que ouvia muito pouco, mas a que decidi dar uma segunda chance graças aos comentários elogiosos da Anneke. Ela, outro dia, postou uma foto tirada do meio da plateia, em um show deles a que esteve presente, e escreveu: “Incrííííivel Deftones!!!”. Bom sinal, alors! (06 de setembro de 2013)

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