sexta-feira, 4 de junho de 2010

In Parallel

Se você está em dúvida entre casar e comprar uma bicicleta, ignore as duas possibilidades e vá a um show de rock. Não precisa ser de heavy metal, em que, eu admito, o público costuma ser menos perfumado, menos simpático e mais, digamos, entusiasmado do que o de apresentações de british rock e afins. Mas, se você não se importar em levar uma cotovelada ou outra, valem os shows de heavy metal também. A questão é: vá. Nada limpa mais a alma, descarrega as energias negativas e rejuvenesce! A gente verdadeiramente – perdoe-me o clichê – nasce de novo. E eu sei do que estou falando. À espera do quarto grande show do ano – após Metallica, Guns e Placebo -, sou a prova viva de que nada pode transformar tão bem a perspectiva nublada de uma noite de inverno em um estado de genuína felicidade antecipada. Eu simplesmente não consigo parar de sorrir! Só de pensar que irei rever a Anneke e, finalmente, conhecer o Danny Cavanagh... Sim, eu me refiro à ex-vocalista do The Gathering (“a banda da minha tatuagem”) e o guitarrista do Anathema (do show a que quase fui e que quase aconteceu, anos atrás). Ou seja: partes essenciais das minhas duas bandas favoritas se uniram e irão fazer um show no Brasil em minha homenagem! – e ainda escolheram, para isso, um feriado, para que eu possa estar presente sem transtornos no trabalho...rs! Agora, falando sério: eles estão divulgando o CD que gravaram juntos, chamado “In Parallel”, que reúne canções de cada uma das bandas, algumas do novo grupo da Anneke, o também já comentado “Agua de Annique”, além de uns covers inusitados, como “The Blowers´s Daughter”, do Damien Rice (aquela música que a Ana Carolina e o Seu Jorge nos ensinaram a detestar com sua risível versão intitulada “É isso aí”). Serão quatro shows no Brasil: Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo (ao qual estarei presente). Não posso, infelizmente, convidá-lo a me acompanhar, leitor, porque os ingressos estão esgotados, mas prometo contar direitinho como foi! Ah, e, para retornar ao paralelo de abertura deste texto: shows de rock valem mais do que casamentos ou bicicletas, porque, embora exijam certos gastos e incluam expectativas e preparativos, mantém o romantismo da eterna recordação, não se tornando, com o tempo, parte integrante do cenário – como pode vir a acontecer com os bens materiais adquiridos e os nossos tão estimados cônjuges.

(03/06/2010)

6 comentários:

  1. Outro dia eu estava conversando com a Bilda e ela me falou do Anathema e do The Gathering, eu comecei a achar que você fez uma lavagem cerebral na coitada da menina, ou coisa parecida.O estranho mesmo é que meu pai também conhece essas bandas.Voltando ao assunto do texto:
    Eu prefiro deixar seu hobbie para você mesma,é mais lucrativo fazer outras coisas do que ir a um lugar onde vou voltar sem minha carteira e fedendo suor dos outros.Tá bom que você vai nascer de novo, mas vai morrer logo que sair do show e ficar naquela "muvuca".

    P.S.:Já percebeu que na hora de digitar o comentário, o "x" aparece em negrito?

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  2. Realmente um show de rock vale muito mais a pena que um casamento, ao meu ver, pois la você apenas enfrentara fãs enlouquecidos e não sogras nem esposas. A bicicleta também pois o que é melhor? Suar por um esporte ou por uma banda que eu dou tudo para ver (no caso a sogra e a bicicleta)?
    Mas no caso, gosto não se discute, ou seja: seu prazer de ir em shows pode ser o mesmo que o de um ciclista viciado, de pedalar, ou o mesmo de um poligamo a se casar.

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  3. Se bem que a bicicleta saia mais em conta, (e se a garagem for fechada ela não se tornará parte do cenário), concordo inteiramente com você, logo, ainda preferirei o show de rock.

    Com o show de rock vivemos o romantismo que as bicis nem sonham em nos oferecer, de fato descarregamos as energias negativas, rejuvenescemos e, rejuvenescidas, muitas vezes, ao som da nossa banda preferida, conhecemos alguém muito interessante, com quem, depois do show, esticamos uma noite ainda mais rejuvenescedora. No dia seguinte, com sorte, a figura tem duas bicicletas e nos convida para um passeio pela montanha...

    Essa bicicleta, com o tempo, integra é o cenário dele... se o custo fica alto e o benefício baixo, nao houve casamento.

    Logo vem outro show de rock.

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    Um abraço,

    Veronique

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  4. A eterna recordação e o cenário. A vida nos proporciona esses momentos relativamente raros, em que as preocupações práticas e existenciais afrouxam, e podemos nos entregar plenamente à fruição. Tenho experimentado isso com algo distante, ou nem tanto, do mundo da música. É o basquete que me tem dado esse canal de escape e, também de revigoramento. Ver o meu time nas finais, jogando bonito, é um momento único, são as finais de 2010, não vai haver outra, e eu participo observando e torcendo. No fim, formas de nos energizarmos, ficarmos mais conectados com a vida, ainda que pareça o contrário. As bicicletas, o(s) casamento(s), são tão melhor aproveitados, quanto mais sentimos essa conexão com o que alimenta as nossas almas.

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  5. Já gastei com bicicletas, shows de rock e mesmo com casamentos (não meus!, mas comprando terno para vestir e presente para os noivos).
    A catarse que eu encontro nos shows de rock está num nível bem acima das outras experiências, embora ir em estádios de futebol esteja num nível próximo. É um investimento único, pois não existe nenhuma outra vantagem nele a não ser viver cerca de duas horas num grau elevado de delírio coletivo.
    Talvez por isso seja tão bom: tudo que se espera de um show é que ele faça você feliz numa fração do tempo. Nenhuma responsabilidade "até que a eternidade nos separe".

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  6. Bem, acho que sou a única a postar por aqui que precisa ir mais a shows de rock - apoteose que não sei mais o que é.

    Alguma sujestão para os próximos meses?

    Lulu

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