segunda-feira, 22 de abril de 2013

Confins, alturas e Países Baixos

Leiden é uma grande universidade, que, a exemplo de Viçosa, possui uma pequena cidade. E, o mais importante: ela se localiza na Holanda, o país de origem do The Gathering. Tudo bem, há muito mais aqui – escrevo ainda de dentro do aeroporto de Amsterdam-, como o parque das tulipas, o museu do Van Gogh, o famoso Red Light District, as bicicletas, os moinhos, o Tribunal Internacional de Haya, a arquitetura moderna e as esculturas nas ruas de Rotterdam, a qualidade de vida de Utrecht, com seus canais, gaivotas e patos coloridos, a beleza plana das estradas vistas pelo vidro limpo dos trens mais pontuais, a gentileza das pessoas... Mas, quando me convidaram a participar de um congresso em Leiden, ironicamente sobre literatura de viagem, a primeira ideia que tive foi a de correr à página do The Gathering e descobrir onde eles tocariam quando eu estivesse nestas terras alaranjadas. Porque era um ideal, bastante simples até, o de vê-los em sua terra natal, em sua homeland. E eis que, quatro dias depois da jornada de estudos, lá estariam eles, em Emmen, na outra ponta do mapa, no norte, quase resvalando para a Alemanha, mas ainda nos Países Baixos. Comprei o bilhete, em holandês, com auxílio do tradutor do Google, para uma casa de show chamada Blanko, que, vim a saber, pertencia a um português. E fui. O lugar era tão pequeno, tão parado em um tempo de singeleza e tranquilidade, que foi difícil encontrar mesmo um local onde me hospedar. Mas achei e era perto: da estação, do concerto, dos realejos no centro comercial da cidade – porque, ali, o conceito de distância era o daquilo que superava quinze minutos a pé. A primeira alegria da noite foi o encontro com uma chilena ultrassimpática, encarregada de comercializar os álbuns do grupo, a qual, além de me fazer uma grande oferta, revelou-me ser a namorada do guitarrista. Dali, foi como um passe de mágica: o pôster autografado por todos eles, a palheta, o agradecimento público, no meio do concerto: “Estamos falando em inglês, porque soubemos que há alguém de fora aqui...”, disse a baixista, Marjolein. “Brasil! Brasil!”, gritei, do privilegiado espaço da primeira fila. Foi como um sonho. O show foi discreto, como o público, quase mórbido – fácil entender por que todo mundo gosta de tocar na América Latina. Focalizou os dois últimos álbuns e, principalmente, o excelente “Disclosure”, com direito, no entanto, a algumas canções mais antigas, como “Broken Glass”, “Eleanor” e “Shot to pieces”. Ao final, a banda desceu diretamente ao solo, sem a frescura dos camarins, e passamos – especialmente a baixista, a vocalista e eu - um bom tempo conversando sobre “que diabos uma brasileira estaria fazendo ali, em Emmen”. Tornei-me definitivamente fã da delicadeza de Silje, essa guerreira que aceitou o desafio de substituir a Anneke, e que tem feito um trabalho apaixonante. Depois passei três dias (até aqui) revendo as fotos, os vídeos, e tentando espalhar pelo resto da Holanda o pólen de uma noite sem igual. (22 de abril de 2013)

4 comentários:

  1. Nossa Gelly, que legal!! Deve ter sido muito emocionante. Sempre fico pensando nessas suas aventuras pela Europa... e fico muito feliz por vc!! :)

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  2. Desse jeito, uai...

    super beijo pra vc menina...

    kureba... (morrendo de inveja)...

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  3. Hahahahaah eu também, mas uma inveja menor, já que fui à dois shows deles aqui no Brasil... mas sem as regalias que você teve :P
    Estou muito feliz por você estar aí e estar curtindo tudo!
    Aproveite ao máximo, amiga!!!
    Ah, e me mande um postal hein?! hahahaha

    Super beijo saudoso.

    Maria Juanna

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  4. Sempre admiro o seu espírito aventureiro, o jeito que você vai atrás dos seus desejos, como extrovertidamente estabelece relações com as pessoas um tanto "míticas" das suas bandas preferidas (ou outras de que gosta), se aproximando com entusiasmo. E que tanto de congressos, hein? Sensacional.

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